Powered By Blogger

sábado, 13 de novembro de 2010

Curto circuito

Rodam e não sei bem  de onde vem a sua energia,
Rodam a uma velocidade tamanha que me fogem.

São rebeldes e não respeitam ordens, valores, promessas, experiências passadas ou até mesmo o mais forte dos desejos.

E endurecem-me o peito com o gelo que fabricam e abrandam-me os batimentos, os meus e os teus.

Explodem sensações contraditórias, não fosse já isto um imenso furacão que roda, mistura e ameaça tudo levar.

Quero deixar de pensar!

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Extravio


O carinho já há muito que é o envelope onde o remetente carimba a ordem de envio.

Mais uma vez escreveu-se em palavras traindo a grandeza do que sente e cuidadosamente dobrou a carta escrita, que é oportunidade de se ler muito para além do que foi capaz de escrever.

Apressou-se a enviar ao destinatário porque o tempo de envio arrefece o calor dos dedos timbrado no papel.

O silêncio da ausência de resposta arrefece-lhe agora as mãos que apertam o coração em busca de uma fonte de calor próprio...


Remetente de si e destinatário de um silêncio.


Descompassado

De mãos dadas seguem os desejos que solidificam sonhos,
Abraça-se a cumplicidade à intimidade que despiu o exterior,
Acaricia-se o ego com palavras enquanto se constrói a objectiva que focará para dentro.
Inevitavelmente cresce o plano onde corremos juntos.


A cegueira que se vive é interrompida pela imagem intermitente da objectiva que de fora focava para dentro,
E ardem os olhos que obrigam ao lacrimejo, pela imagem do imenso buraco no plano onde corremos.
Certo é que a imagem mesmo que intermitente é nítida
e apesar de ser intensa não recupera a visão já perdida.


De mãos dadas seguem os desejos que solidificam os sonhos, 
Mas afinal já não seguem compassados!

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Declive negativo da desilusão

Vem uma expectativa, elevada mas inconscientemente exagerada. Expectativa de um momento desejado, único, do modo que eu sou.

Fermenta a vontade de ser feliz.  Amadurece a certeza de que tudo está certo e é único, do modo que eu sou.

Expludo de alegria antes mesmo de acontecer... e sinto uma descarga eléctrica que atordoa,

Morre a satisfação que esperava com aquele momento,

Sinto a desilusão implodir os meus pilares e como que caio num buraco onde me impermeabilizo aos sentimentos. Mais tarde levanto-me e fujo, marcado. 

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Saudade

Recordo com saudade as vidas que eternizo na minha memória...

Recordar não é viver as pessoas, é só fazer com que ressuscitem sob a forma de pensamento abstracto. 
Eternizar em memórias não é uma garantia, é a solução possível para quando perdemos quem nos compõe, quem nos faz falta. 

E por isso sinto saudade!



quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Decomposição de um sentimento inofensivo.

O ciúme... é rápido, vem de todos os lados, tantos lados quantos conseguirmos criar com o poder do sentimento de medo, de perda, medo de querer e esquecerem que existimos.
O ciúme é rápido e apodera-se de um determinado circuito neuronal, ainda por identificar, aquele que regula a estabilidade da balança de pratos que pesa o que sentimos que temos e o que sentimos que podemos perder.
O ciúme é rápido, apodera-se e desvia-nos  as percepções, pensamentos, atitudes e o comportamento para a inutilidade, futilidade, ou talvez não.
O ciúme é rápido, apodera-se, desvia-nos e é frio. Arrefece o calor no peito e gela os sentimentos mais justos, inocentes, puros.  
O ciúme é rápido, apodera-se, desvia-nos, é frio e rompe por entre experiências vividas, por entre desejos e futurismos, resume tudo a um passado esquecido e a um futuro inacessível.
O ciúme é medo, é a sensação de perda iminente, de ameaça do que é precioso, nosso, único, não partilhável, por isso cobiçado.
A conquista alimenta-se do ciúme, o amor alimenta-se da conquista. A motivação para a conservação do que temos deveria ser potenciada pela frieza com que nos ameaçam com a relatividade da posse.  Serve então o ciúme para nos inteirarmos do calor que nos geram no peito, das experiências passadas e dos desejos, dos pensamentos que se perderam na tradução para atitudes e nas atitudes que nunca se viram materializadas num comportamento. 

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

O tempo perdido que rouba o tempo.


O tempo rouba o tempo para me sentir num lugar teu onde não deveria existir tempo. 
A distância rouba-nos o tempo, tempo que preciso para saborear a tua presença.
As conversas ao acaso roubam-nos tempo, o tempo de uma conversa para desnudar as nossas mentes. As palavras dessas conversas roubam tempo e o sentido ás minhas. 
Os olhos dos outros roubam-nos tempo por nos prenderem à cor e ao brilho intencionado, tempo que preciso para decifrar o teu olhar ainda longe de ser penetrado. 
Os corpos dos outros roubam-nos o tempo que preciso para olhar para o teu, roubam a oportunidade de descobrires o que pede o meu. 
Os livros roubam-nos tempo, o tempo que preciso para escrever o nosso, aquele que ninguém vai ler por não ter final.  
Somos roubados, encurtados no tempo que nem tempo temos para partilhar o que já é nosso. 
As oportunidades roubar-me-ão mais tempo e continuará mesmo assim a haver tempo para mais oportunidades, como se o tempo tivesse tendência para deixar de existir.  
Em 5 segundos escrevo que te amo, em 2 segundos digo-o e quando ocupar o lugar em ti que não precisa de tempo vais sentir, o que leva tempo a escrever e a dizer. O tempo controla tudo fora desse lugar, tudo o que não fiz a tempo está por fazer, tudo o que não senti a tempo não é sentido, o tempo que rouba, rouba-me o sentimento.
 Pior que dar conta que não há tempo é não temer do tempo perdido e acreditar cegamente no tempo que está para vir.

Sentidos

 Os sentidos! Os meus sentidos pedem para sentir e eu respondo ineficazmente!! Os meus ouvidos pedem uma voz ao acordar, pedem uma voz ao deitar, pedem uma voz agora, exigem ouvir alguém que não ignora a sua existência! Os meus olhos, embora cansados e progressivamente inúteis, pedem para ver um rosto ao acordar, pedem um rosto ao deitar, pedem outros olhos onde se perder, pedem um olhar inteiro, exigem sentir o olhar de alguém que não ignore a sua existência!  A minha pele quer um contacto quente. As minhasmãos pedem uma pele macia para percorrer, uns lábios para tocar, pedem um corpo suado, pedem um aperto forte, um ponto fixo, um apoio de quem não ignore a sua existência!  O nariz há muito que sente o cheiro da pele, ultrapassa os aromas artificiais dos cremes, perfumes e gel de banho, o meu nariz pede o cheiro de uma pele ao acordar, pede o cheiro de uma pele ao deitar, exige o cheiro de alguém que não ignore a sua existência! A minha língua pede o sabor do sal do suor, a minha boca exige saborear o beijo, saborear o ar que preenche alguém que não ignore a sua existência! 

 Sinto as exigências dos sentidos e não tenho como os enganar!

Romance

 Tenho um livro para ler, um romance, uma seca pegada. Natural que eu não tenha paciência para ler este género de coisas, não sou de romances em livro! Sinto-me com força a mais para conseguir sentar e ler uma história destas... Há quem diga que eu preciso de ler coisas destas, pois eu discordo.. eu preciso é de viver coisas dessas!! Amarrem-se a livros, saibam de cor os autores e anos de publicação... e quando quiserem fazer amor, dizer a alguém que o amam, abram na página X e façam de contam que é convosco! Eu não erro dessa forma. Erro de outras mais ou menos evidentes mas desta não. Por isso é menos errático se começasse a escrever o meu livro. Incrível que para o começar a escrever tenha que, antes demais, usar pontos finais! São muitos pontos finais juntos e por isso fazem lembrar reticências..... pois a verdade é que quando há necessidade de por muitos pontos finais, saímos picotados, marcados, logo nunca poderia começar o meu livro sem antes de mais colocar reticências, se não fosse assim não era o meu romance, não tinha as minhas marcas, as minhas memórias. Usarei uma sequência de mais de 3 pontos finais, os que forem precisos de modo a pôr ponto final ao que vim sentindo até agora. Quanto ao que virá escrito depois ainda não sei, mas sinto-me inspirado!!

Cálculo da distância entre o desejo e a proximidade física real-os dois factores perturbadores

 Dia praticamente inútil...... Hoje criei uma distância nova e determinei-a com alguma precisão. Nunca tinha calculado, e segundo julgo saber ninguém antes teve este atrevimento, a distância entre o desejo de querer e a proximidade real (física, presencial) de ter! Não é complicado medir-se uma coisas destas eu é que me armo em inteligente e uso frases sem lógica, mas basicamente qualquer animal capaz de gostar, desejar, amar, apaixonar já mediu esta distância, talvez sem nunca ter pensado nisso (não é toda a gente que tem um dia inteiro praticamente livre para pensar nisto). A distância é de um valor tão elevado que não existe base capaz de suportar tal potência. Há factores perturbadores a considerar para o cálculo desta distância. Chamo-lhes factores perturbadores porque alteram a distância, reduzindo-a drasticamente num segundo para depois a aumentar para valores que eu não suporto. O 1º factor perturbador prende-se com o querer: "quero-te, quero estar contigo, fazer parte do teu espaço" . Este factor entra no cálculo dividindo-se a distância(que é proporcional ao sofrimento) pelo 1º factor perturbador. Este factor perturbador reduz a distância, contudo eu tenho consciência que existem outros, muitos mais que até desconheço. O 2º factor, e o último que consigo descrever, aumenta a distância. Prende-se essencialmente com a tomada de consciência do risco e consequência. Este factor deve ser elevado a 13 e multiplicado pela distância. Até um miúdo do 6º ano perceberá que nesta fórmula simples o peso do 2º factor perturbador é maior do que o peso do 1º. Pois eu hoje conclui isso mesmo; cheguei á fórmula; calculei a distância.... o resultado é directamente proporcional ao meu medo, á minha incerteza, á minha desorientação. De que vale ter alguém que, por solidariedade, nos aumenta a esperança fazendo-nos pensar que o 1º factor perturbador será o determinante nesta equação, quando na verdade eu sei que o 2º factor é quem determina o mínimo possível para a distância? Eu quero estar perto? Quero muito.... se estivesses longe podia até correr para lá chegar mais depressa.... mas estou infinitamente longe e eu sou fraquinho, não consigo correr tanto!