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segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Extravio


O carinho já há muito que é o envelope onde o remetente carimba a ordem de envio.

Mais uma vez escreveu-se em palavras traindo a grandeza do que sente e cuidadosamente dobrou a carta escrita, que é oportunidade de se ler muito para além do que foi capaz de escrever.

Apressou-se a enviar ao destinatário porque o tempo de envio arrefece o calor dos dedos timbrado no papel.

O silêncio da ausência de resposta arrefece-lhe agora as mãos que apertam o coração em busca de uma fonte de calor próprio...


Remetente de si e destinatário de um silêncio.


Descompassado

De mãos dadas seguem os desejos que solidificam sonhos,
Abraça-se a cumplicidade à intimidade que despiu o exterior,
Acaricia-se o ego com palavras enquanto se constrói a objectiva que focará para dentro.
Inevitavelmente cresce o plano onde corremos juntos.


A cegueira que se vive é interrompida pela imagem intermitente da objectiva que de fora focava para dentro,
E ardem os olhos que obrigam ao lacrimejo, pela imagem do imenso buraco no plano onde corremos.
Certo é que a imagem mesmo que intermitente é nítida
e apesar de ser intensa não recupera a visão já perdida.


De mãos dadas seguem os desejos que solidificam os sonhos, 
Mas afinal já não seguem compassados!