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quarta-feira, 18 de agosto de 2010

O tempo perdido que rouba o tempo.


O tempo rouba o tempo para me sentir num lugar teu onde não deveria existir tempo. 
A distância rouba-nos o tempo, tempo que preciso para saborear a tua presença.
As conversas ao acaso roubam-nos tempo, o tempo de uma conversa para desnudar as nossas mentes. As palavras dessas conversas roubam tempo e o sentido ás minhas. 
Os olhos dos outros roubam-nos tempo por nos prenderem à cor e ao brilho intencionado, tempo que preciso para decifrar o teu olhar ainda longe de ser penetrado. 
Os corpos dos outros roubam-nos o tempo que preciso para olhar para o teu, roubam a oportunidade de descobrires o que pede o meu. 
Os livros roubam-nos tempo, o tempo que preciso para escrever o nosso, aquele que ninguém vai ler por não ter final.  
Somos roubados, encurtados no tempo que nem tempo temos para partilhar o que já é nosso. 
As oportunidades roubar-me-ão mais tempo e continuará mesmo assim a haver tempo para mais oportunidades, como se o tempo tivesse tendência para deixar de existir.  
Em 5 segundos escrevo que te amo, em 2 segundos digo-o e quando ocupar o lugar em ti que não precisa de tempo vais sentir, o que leva tempo a escrever e a dizer. O tempo controla tudo fora desse lugar, tudo o que não fiz a tempo está por fazer, tudo o que não senti a tempo não é sentido, o tempo que rouba, rouba-me o sentimento.
 Pior que dar conta que não há tempo é não temer do tempo perdido e acreditar cegamente no tempo que está para vir.

Sentidos

 Os sentidos! Os meus sentidos pedem para sentir e eu respondo ineficazmente!! Os meus ouvidos pedem uma voz ao acordar, pedem uma voz ao deitar, pedem uma voz agora, exigem ouvir alguém que não ignora a sua existência! Os meus olhos, embora cansados e progressivamente inúteis, pedem para ver um rosto ao acordar, pedem um rosto ao deitar, pedem outros olhos onde se perder, pedem um olhar inteiro, exigem sentir o olhar de alguém que não ignore a sua existência!  A minha pele quer um contacto quente. As minhasmãos pedem uma pele macia para percorrer, uns lábios para tocar, pedem um corpo suado, pedem um aperto forte, um ponto fixo, um apoio de quem não ignore a sua existência!  O nariz há muito que sente o cheiro da pele, ultrapassa os aromas artificiais dos cremes, perfumes e gel de banho, o meu nariz pede o cheiro de uma pele ao acordar, pede o cheiro de uma pele ao deitar, exige o cheiro de alguém que não ignore a sua existência! A minha língua pede o sabor do sal do suor, a minha boca exige saborear o beijo, saborear o ar que preenche alguém que não ignore a sua existência! 

 Sinto as exigências dos sentidos e não tenho como os enganar!

Romance

 Tenho um livro para ler, um romance, uma seca pegada. Natural que eu não tenha paciência para ler este género de coisas, não sou de romances em livro! Sinto-me com força a mais para conseguir sentar e ler uma história destas... Há quem diga que eu preciso de ler coisas destas, pois eu discordo.. eu preciso é de viver coisas dessas!! Amarrem-se a livros, saibam de cor os autores e anos de publicação... e quando quiserem fazer amor, dizer a alguém que o amam, abram na página X e façam de contam que é convosco! Eu não erro dessa forma. Erro de outras mais ou menos evidentes mas desta não. Por isso é menos errático se começasse a escrever o meu livro. Incrível que para o começar a escrever tenha que, antes demais, usar pontos finais! São muitos pontos finais juntos e por isso fazem lembrar reticências..... pois a verdade é que quando há necessidade de por muitos pontos finais, saímos picotados, marcados, logo nunca poderia começar o meu livro sem antes de mais colocar reticências, se não fosse assim não era o meu romance, não tinha as minhas marcas, as minhas memórias. Usarei uma sequência de mais de 3 pontos finais, os que forem precisos de modo a pôr ponto final ao que vim sentindo até agora. Quanto ao que virá escrito depois ainda não sei, mas sinto-me inspirado!!

Cálculo da distância entre o desejo e a proximidade física real-os dois factores perturbadores

 Dia praticamente inútil...... Hoje criei uma distância nova e determinei-a com alguma precisão. Nunca tinha calculado, e segundo julgo saber ninguém antes teve este atrevimento, a distância entre o desejo de querer e a proximidade real (física, presencial) de ter! Não é complicado medir-se uma coisas destas eu é que me armo em inteligente e uso frases sem lógica, mas basicamente qualquer animal capaz de gostar, desejar, amar, apaixonar já mediu esta distância, talvez sem nunca ter pensado nisso (não é toda a gente que tem um dia inteiro praticamente livre para pensar nisto). A distância é de um valor tão elevado que não existe base capaz de suportar tal potência. Há factores perturbadores a considerar para o cálculo desta distância. Chamo-lhes factores perturbadores porque alteram a distância, reduzindo-a drasticamente num segundo para depois a aumentar para valores que eu não suporto. O 1º factor perturbador prende-se com o querer: "quero-te, quero estar contigo, fazer parte do teu espaço" . Este factor entra no cálculo dividindo-se a distância(que é proporcional ao sofrimento) pelo 1º factor perturbador. Este factor perturbador reduz a distância, contudo eu tenho consciência que existem outros, muitos mais que até desconheço. O 2º factor, e o último que consigo descrever, aumenta a distância. Prende-se essencialmente com a tomada de consciência do risco e consequência. Este factor deve ser elevado a 13 e multiplicado pela distância. Até um miúdo do 6º ano perceberá que nesta fórmula simples o peso do 2º factor perturbador é maior do que o peso do 1º. Pois eu hoje conclui isso mesmo; cheguei á fórmula; calculei a distância.... o resultado é directamente proporcional ao meu medo, á minha incerteza, á minha desorientação. De que vale ter alguém que, por solidariedade, nos aumenta a esperança fazendo-nos pensar que o 1º factor perturbador será o determinante nesta equação, quando na verdade eu sei que o 2º factor é quem determina o mínimo possível para a distância? Eu quero estar perto? Quero muito.... se estivesses longe podia até correr para lá chegar mais depressa.... mas estou infinitamente longe e eu sou fraquinho, não consigo correr tanto!